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GELADEIRAS SOLARES SERÃO ALIADAS DA VACINAÇÃO CONTRA A COVID-19 NA ÁFRICA

Um dos países mais pobres do mundo no nordeste da África é o Sudão do Sul, com uma altíssima
taxa de mortalidade infantil e materna, tem uma expectativa média de vida de 57 anos. Entre os
seus 11 milhões de habitantes, cerca de 90% deles vivem em zona rural e apenas 28% tem acesso
a uma rede de distribuição de eletricidade. Nessas condições, como será possível então garantir a
imunização de seus moradores contra a COVID-19 quando a vacina chegar lá?
Ao longo de todo o processo de transporte e armazenamento das vacinas, elas precisam ser
mantidas em determinadas condições de temperatura para não perderem sua eficácia. Atualmente,
a maioria das vacinas existentes, como por exemplo, as da chinesa Sinovac, a CoronaVac, e a
anglo-sueca Oxford/AstraZeneca devem ser mantidas em baixas temperaturas. Para que isso seja
viável em países de baixa renda como a África, o Fundo das Nações Unidas para a Infância
(UNICEF), em parceria com a iniciativa global de vacinação Gavi Covax AMC, estão investindo na
compra e instalação de geladeiras solares, que funcionam a partir da energia gerada através de
painéis fotovoltaicos em telhados.
Segundo o chefe de fornecimento da UNICEF para a região, Jean-Cedric Meeus, a “África Ocidental
e Central é um dos ambientes mais complexos que você encontrará”, e complementa que “Estamos
lidando com o desafio de entregar vacinas COVID-19 nas principais cidades, mas também em
vilarejos extremamente remotos. Estamos nos preparando para todos os cenários.”
A UNICEF, desde 2018, já vem investindo no armazenamento de vacinas através do sistema “cold
chain”, na tradução literal para o português seria em um modelo de “cadeia gelada”. Esse sistema
contribui para o abastecimento realizado há muitas décadas pela entidade, que atua na imunização
infantil de rotina em lugares como a África Subsaariana. Neste local, a organização já possui uma
rede de distribuição de vacinas e passou anos trabalhando para melhorá-la – incluindo o desafio de
como manter as vacinas na temperatura certa. O especialista da UNICEF, Michelle Seidel, revela que
“Quando os primeiros sinais da pandemia começaram, já começamos a nos mobilizar e nos
preparar porque sabíamos que estaríamos desempenhando algum tipo de papel.”
Antigamente, muitos dos locais de vacinação em países com baixo nível de renda, usavam diesel
para poder ter eletricidade e manter as geladeiras funcionando. Além de inflamável, o combustível
era de difícil acesso e sua falta poderia comprometer a validade das vacinas. Jean-Cedric Meeus
afirma que “Mapeamos onde faltava o equipamento necessário e começamos a instalar quase 20
mil geladeiras movidas a energia solar, desde o litoral até as florestas do interior. É um grande trunfo
ter países equipados assim e continuaremos a implementá-los.” Uma das modificações
tecnológicas feitas recentemente nos equipamentos foi eliminar o uso de baterias para estocar a
energia produzida pelos painéis solares. Nos novos modelos, a eletricidade é armazenada
diretamente na geladeira.
A fim de garantir que a vacina contra a COVID-19 chegue a todos os cantos do planeta e possamos
combater a pandemia do novo coronavírus, foi formada uma coalizão no ano de 2020 de 190 países:
a Covax. Essa iniciativa é desenvolvida com a Fundação Gavi, a Coalizão para Inovações em
Preparação para Epidemias (CEPI) e a Organização Mundial de Saúde (OMS) e contará com o apoio
logístico da UNICEF, que é a maior compradora global de vacinas do mundo.
O objetivo da Covax é assegurar que as vacinas aprovadas para uso sejam distribuídas em 90
países com menos possibilidades econômicas ou sistemas de saúde mais fracos e outras muitas
quantidades para nações em desenvolvimento. A estimativa é que sejam entregues 2 bilhões de
doses de vacina até o final de 2021, assim como seringas para a aplicação. Embora a concentração
de apenas 14% da população global esteja nos países mais ricos, pouco mais de 50% das vacinas
contra a COVID-19 disponíveis atualmente no mundo foram compradas por essas nações. O alerta
foi dado pela People’s Vaccine Alliance, que afirma que em cerca de 70 países, somente uma em
cada dez pessoas será imunizada em 2021. O secretário geral das Nações Unidas, António
Guterres, alerta que “A ciência está tendo sucesso, mas a solidariedade está falhando” e
complementa que “As vacinas estão alcançando países de alta renda rapidamente, enquanto os
mais pobres do mundo não têm nenhuma.”
Fonte: UNICEF, Fast Company e ABSOLAR.

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